segunda-feira, 5 de março de 2012

FRAGMENTAÇÃO / 4 Obras - 4 Relações



Podemos definir a fragmentação como o ato de decompor, separar em partes  um todo, que nos permite uma analise de seu funcionamento – isto é, sua   organização visual, de como se estrutura seu espaço e seu tempo e de qual forma comunica possibilidades de sentido para quem o observa.


PABLO PICASSO, Copo e Garrafa de Suze, 1912

Com Pablo Picasso e o “Copo e Garrafa de Suze” a fragmentação apresenta-se nesta obra por meio de sua técnica -  a colagem – onde o artista usou da dispersão de materiais e sua reestruturação formal, além da relação inter-semiótica dos papéis/materiais utilizados e a sua conotação pessoal, o mesmo acontece na fotomontagem de Hausmann, “ABCD – Retrato do Artista”.


  RAOUL HAUSMANN, ABCD-Retrato do Artista, 1923


Os russos pós-revolução nos mostram em seus experimentalismos visuais – tanto no cinema quanto no design – uma fragmentação dinâmica e com um nível de ordenação e unidade estética impressionantes – talvez reflexo da revolução que inaugurava um nova organização politico social, onde trocaram a égide das diferenças de classes imposta pelo regime czarista pelo “igualitarismo” comunista – em o “Um Homem com uma Câmera”, tanto o trabalho do diretor Dziga Vertov, quanto o projeto gráfico dos irmãos Stenberg para o cartaz do filme são de uma maestria tremenda. A seleção e o recorte dos planos/fragmentos (filme e elementos visuais gráficos) e sua montagem e encadeamento temporal utilizam-se quase que unicamente do principio plástico da colagem criando uma nova unidade estética a falta de hierarquia dos elementos utilizados.



 GEORGI E WLADIMIR STENBERG, Chelovek s kino-apparatom, 1929


            Em  o “Cabinete do Doutor Caligari” com a direção de Robert Wiene e roteiro de Hans Janowitz e Carl Mayer, experimentamos um novo tipo de fragmentação que vai além da visual, a fragmentação da psique – que refletia claramente o estado do povo alemão do pós Primeira Guerra -  nesta obra seminal e extremamente influente até os dias atuais ( podemos encontrar traços de sua estética em algumas obras de Tim Burton por exemplo em The Nightmare Before Christmas), o protagonista Francis nos leva a uma ciranda de eventos e situações que culminam em um final inesperado.


  Das Cabinet des Dr. Caligari, 1920






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